terça-feira, janeiro 25, 2005

O teu quarto

Acaba de te vestir, estás por aí a demorar tanto tempo e nunca mais conseguimos sair, nunca mais páras de dançar à minha volta e eu não sei quanto mais tempo resisto. Olho para todas as coisas à tua volta, os relógios, os brincos, a tua roupa interior...tudo espalhado por todo o lado no teu quarto e como eu adoro aquela desarrumação, aquela falta de sentido prático e vontade de criar o caos, como é giro o teu quarto e todo ele é um reflexo de ti, memórias guardadas em cada bocadinho, iluminado quanto baste mas ainda assim misterioso. A primeira vez que lá entrei foi como se estivesse a penetrar um templo sagrado, não sei se te lembras da primeira coisa que fiz, deitei-me no chão e fiquei ali a olhar, simplesmente parei e lembro-me que te sentaste em cima de mim a perguntar-me o que estava a fazer...nem eu percebi na altura o que estava a fazer, era algo diferente dos outros quartos, era teu e como eu adorava poder descobrir as tuas coisas, fotografar na memória e levar bocadinhos comigo...lentamente e provavelmente, sem que tu tivesses noção, dei uma volta ao quarto com os meus olhos...
Ali estavas tu em todos os lados, perdida em coisas que eu nem sabia o que significavam...lembro-me de estar agarrado a ti e a dançar, como se eu dançasse assim tanto ou alguma coisa que valesse a pena chamá-la de dança, cantava uma música que dizia algo como "...here today..." e só aquela voz e aquela letra naquele momento faziam sentido.
Sei como se tivesse sido hoje, qual era a roupa que tinhas, a maneira como olhaste para mim e a forma como cá dentro, me parti em mil bocados e fui colado de novo, instântaneo como um mili-segundo que vai e vem...cá dentro pensava...e depois decidi não pensar mais, deixei-me levar e assim fui...

Por favor...veste-te depressa, espero por ti lá fora.